Antes estudava-se a desigualdade, mas mais numa perspetiva de reporting do que de investigação, explicou Susana Peralta. Mas a qualidade das coisas que se podem fazer hoje em dia, relacionando a desigualdade com resultados não só de rendimento, como de comportamentos de risco, saúde, esperança de vida, transmissão inter-geracional de uma série de skills, etc. voltou a permitir que a desigualdade fosse um tema de investigação avançado e reconhecido. Para José Tavares “o maior desenvolvimento na ciência económica, na última década, foi a progressiva incorporação de elementos comportamentais, alguns importados da psicologia, na sua vertente instrumental, outros desenvolvidos pela própria ciência económica. Importante porque se relativizou uma visão mais mecanicista, limitada, do comportamento humano. José Tavares mencionou ainda a integração das surpresas e idiossincrasias do comportamento humano, que afetam os mercados e as sociedades, assim como a decisão com informação limitada, as dificuldades de coordenação, a diversidade de preferências e a relativização do material e do óbvio nas decisões dos agentes. Não revoga muito do conhecimento adquirido, mas matiza-o, dá-lhe foco, e oferece novas interpretações, acrescenta. É um dos elementos presentes no trabalho dos três economistas vencedores do Nobel deste ano, mas vai muito além disso. Influencia as áreas mais dinâmicas da ciência económica.