A reportagem “Sem Professor”, do programa “Linha da Frente”, da RTP, retrata como se vive atualmente por alunos, pais e escolas o cenário de falta professores em Portugal. Um cenário preocupante que se deve à reforma de cerca de 40% do corpo docente nacional ao longo desta década, e que se agravará progressivamente a cada ano até 2030.
Estas previsões foram feitas por um estudo do Centro de Economia da Educação da Nova SBE que calculou as necessidades de recrutamento de professores para cada ano letivo entre 2021 e 2030. O estudo foi encomendado pelo governo de 2019-22 e está a ser utilizado pelo governo atual para determinação das escolas que necessitam de medidas prioritárias no próximo ano letivo.
Luís Catela Nunes, diretor científico do Centro de Economia da Educação da Nova SBE e coordenador do referido estudo, foi um dos entrevistados nesta reportagem, frisando que se tem assistido, nos últimos 10 anos, a um decréscimo significativo do número de alunos nos cursos que habilitam para a docência, o que faz com que o número de professores a chegar ao ensino seja insuficiente para compensar o grande volume de saídas da profissão.
O investigador partilha que, no 3º ciclo e no ensino secundário, sobretudo em áreas ligadas a ciências, matemáticas e tecnologias, o número de alunos que se estão a formar em mestrados que dão acesso à docência é muito inferior ao número de docentes que vão ser necessários.
Em 2024 deverão reformar-se 5000 professores e chegar às escolas apenas 1000 novos professores.
Esta situação, que levou mais de 324.000 alunos a começar o ano letivo sem professor a pelo menos uma disciplina, afeta principalmente as escolas da Grande Lisboa, Baixo Alentejo e Algarve.
A falta de atratividade da carreira docente é um fenómeno internacional, reportado no último relatório global sobre professores da UNESCO.
Consulte aqui o estudo do Centro de Economia da Educação da Nova SBE sobre necessidades docentes entre 2021 e 2030, publicado em 2021.
Assista aqui à reportagem completa da RTP.