Já pode preencher o segundo inquérito disponível aqui.
Em tempos de incerteza é especialmente importante estarmos atentos, dispostos a aprender e a conhecer melhor a nossa sociedade. Num esforço para ajudar a definir estratégias de intervenção e de resposta aos desafios que estamos a enfrentar durante e após a pandemia de COVID-19, o grupo de investigadores do Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center (Universidade Nova de Lisboa) (NHEM) desenvolve um acompanhamento dos comportamentos e preocupações desde o momento em que foram confirmados os primeiros casos de doentes infectados em Portugal.
A informação é recolhida por um questionário online, destinado a pessoas residentes em Portugal e que compreendam a língua Portuguesa, relativo aos efeitos da pandemia de COVID-19 no seu quotidiano. Os resultados apresentados resultam de uma amostra de 4682 participantes, à data de 19 de Março de 2020.
Divulgamos agora uma primeira fotografia dos dados recolhidos até este momento. Não sendo necessariamente representativos da população Portuguesa, traçam uma primeira imagem de como se está a reagir na sociedade.
A amostra é maioritariamente composta por mulheres (73%), residentes em Lisboa (48%); 75% encontram-se na faixa etária dos 20 aos 65 anos de idade. Das pessoas que reportaram ter tosse, febre ou dificuldade respiratória nas últimas duas semanas, 13% deslocaram-se ao centro de saúde e 14% utilizaram a linha telefónica SNS24.
Cerca de 24% das pessoas que responderam estiveram ou estão em isolamento e a maior parte (68%) reportou que os seus locais de trabalho encerraram ou estiveram em regime de trabalho à distância, nestas últimas duas semanas.
Praticamente metade estão muito preocupadas com o impacto da pandemia em Portugal e 38% reportou ter comprado bens de necessidade básica adicionais devido a receios com a propagação do vírus, tendo esta sido mais prevalente entre os respondentes mais jovens.
Apesar de se observar um nível de preocupação generalizado entre os participantes, existe variação nas respostas por faixa etária. O grupo etário mais jovem parece menos preocupado em relação ao impacto da pandemia no País do que os restantes. Entre os participantes abaixo dos 25 anos de idade, 8 em cada 10 reportou um nível de preocupação elevado ou muito elevado, enquanto que nas faixas etárias mais elevadas o número sobe para 9 em cada 10. Entre os respondentes que reportaram ter feito compras adicionais, 43% revela-se muito preocupado. Esta proporção sobe para 89% entre os participantes em isolamento. Curiosamente, são também os que mais aderiram ao isolamento voluntário (os dados foram recolhidos antes da declaração do estado de emergência).
Este estudo longitudinal continuará a decorrer durante as próximas semanas, nas quais será recolhida informação ao longo do tempo, bem como de novos respondentes que estejam disponíveis para integrar o painel de inquiridos. Quanto mais informação for recolhida melhor será a qualidade dos dados e, consequentemente maior será a utilidade da análise para o presente e para o futuro.
O NHEM é um centro de investigação composto por economistas e gestores bem como profissionais de saúde e especialistas em saúde pública. No sentido de contribuir da melhor forma para a produção de investigação de qualidade no país o centro encontra-se disponível para colaborar e apoiar outros investigadores que se estejam a dedicar a este tema. Partilhas de informação, ideias para colaborações potenciais ou comentários podem ser enviados para o endereço de e-mail: nhem@novasbe.pt.
Nota: O estudo é baseado num questionário online inspirado no artigo científico “Coronavirus Fears and Macroeconomic Expectations” de Carola Binder, tendo sido a versão utilizada desenvolvida pelo grupo de trabalho do centro de investigação.